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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Eh, chororô!

Vamos combinar: a torcida do Botafogo é chegada num choro. E a direção do clube também, diga-se de passagem. Basta o time perder uma semifinalzinha de campeonato carioca para o time da macumba que as lágrimas vêm a baixo. Chamo "time da macumba" devido ao preto e ao vermelho da camisa dos herdeiros de Zico. E essas cores predominam nas oferendas a exu. Com ou sem macumba, com ou sem exu, o Fogão despediu-se do primeiro turno do Cariocão. Em uma tarde inspiradíssima de Ronaldinho Gaúcho - deu dois passes certos, um drible e um chute a gol - e contando com os revólveres descalibrados dos artilheiros alvinegros, o time da gávea levou a melhor nos pênaltis.

E bastou o apitador dar a última soprada no instrumento de trabalho para que os primeiros "buá, buá, buá" fossem ouvidos. "Juíz ladrão", esbravejou um. "Não deu um pênalti escandaloso daquele", ressentiu-se outro. A bronca era a mesma: o árbitro teria deixado de marcar uma falta cometida por um defensor do adversário dentro da área. "Ele tirou a bola com a mão", berrou um botafoguense exaltado. O árbitro, com aquele sabedoria digna da profissão e com um discernimento que só o juíz de futebol possui, perscruta a mente do flamenguista, analisa a intenção do atleta e constata: "Foi sem querer". Eu, que não sou torcedor do Botafogo, tive vontade da chamar o soprador de apito de "filho da ...", como sou um cara educado, limitei-me a dizer que "se tivesse sido na área contrária, teria sido pênalti claríssimo". E isso aconteceu no finalzinho do clássimo, "no apagar das luzes", como diriam os mais antigos do que eu.

Meus amigos, o árbitro não marcar pênalti é admissível. "Errar é humano", alardeia um bobão, como se ele acabasse de criar a frase repetida há séculos. O que não dá para suportar é um torcedor flamenguista que trabalha como comentarista  de televisão querer provar que não foi pênalti. O que devo esperar, no entanto, daquele comentarista de futebol? Imparcialidade?, sabedoria?, inteligência?, coerência? A verdade é que o jogo foi para as cobranças de tiros livres diretos e o arqueiro rubronegro levou a melhor. Sheid, meu cachorro, disse-me que, se ele fosse o presidente da República, ordenaria que todos os árbitros ajudassem o Flamengo a vencer. Assim sendo, o povo ficaria feliz da vida e esqueceria os mandos e desmandos da administração pública. Que chorem as minorias, que chorem os botafoguenses.


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