O leitor contumaz desse blog já deu, certamente, umas espiadas nas histórias que conto sobre a vida no sítio. E sabe que lá tem uns boizinhos de estimação. Para ser preciso, são seis: Pirata, Mel, Zobaida, Jipão, Gerineldo e Bibigul. Os bichos são danados de sabidos, atendem individualmente quando chamados. Entre os chifrudos, reina uma democracia totalitária. Todos os quadrúpedes são livres para pastar onde bem entenderem, e se quiserem. É claro que para a coisa não desandar para a anarquia, e de acordo com os discursos políticos mais modernos, o Pirata é o líder máximo do lugar. E o que isso significa? Ora, ora, paisano, significa que a liberdade dos liderados vai até aonde não contrarie o manda-chuva. E o pirata, simpatia, não é o presidente por acaso. Não, senhor. Ele tem as maiores guampas entre todos. É o mais alto. O mais forte. O mais ágil. O mais tudo. E sendo o maioral, impôs seu reinado presidencialista.
“Péra aí”, gritaria o ledor mais afoito, “lá no tal sítio, o sistema é presidencialista ou é um reinado? No início deste parágrafo você falou em democracia totalitária, como explicar essa confusão?” Calma, jacaré, essa questão é, embora não pareça, fácil de entender. É que os conceitos de Presidencialismo, Reino, Democracia e Autoritarismo se confundem. No Brasil, por exemplo, temos um presidente – opa, agora é uma presidenta -, mas o povo gosta mesmo é de uma monarquia. Na prática, quem tem ascendência de grande envergadura na política larga na dianteira na corrida por cargos públicos. Por isso se proliferam as chamadas oligarquias. É o tal “sangue azul” bombando no pedaço, “mermão”. “Vige Maria”, espantar-se-ia o matutinho. E o presidente cobre-se com o manto invisível da realeza.
E, venhamos e convenhamos, democracia e autoritarismo andam bem juntinhos – feito o rosto e o retrato. Em suma: Pirata é presidente, rei, democrata e autoritário. Por favor, isso não tem nada a ver com o presidente da Líbia, Muammar Kadafi, que está a quatro décadas no poder por lá. É bem verdade que a população líbia pode fazer o que quer desde que ele e os filhos permitam, mas daí a comparar o alvinegro Pirata com o maluco africano é sacanagem. Como diria Tim Maia: Kadafi é um “tremendo quatro-quatro-meia”, isto é, pífio. O homem, entretanto, não é He-Man, mas tem a força. E a força, meus caros, costuma botar todo mundo para correr lá no sítio .
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