- Disseram que não iam matar civis – grita.
Hassan está sozinho junto de uma cama onde se encontra o seu irmão mais novo, com estilhaços no estômago, a cara amarela em delírio.
- Tem que viver, tem que viver – chora Hassan e, entre soluços, conta: - Estávamos em frente à nossa casa, Ali, Jamil e eu. Eu não fui atingido, mas os meus dois irmãos mais novos caíram no chão numa poça de sangue. Este é o Ali, o Jamil morreu na hora. Tinha acabado de fazer 6 anos.
O trecho acima foi retirado do livro 101 Dias em Bagdá. E mostra a crueldade dos ataques americanos sobre a capital Iraquiana. O presidente dos Estados Unidos, numa guerra pessoal, atacou o país com o pretexto de que lá havia armas químicas de destruição em massa. Destruiu a infra-estrutural do lugar, matou inocentes e enforcou Sadan Hussein. Ora, ora, o mais ignorante dos leitores sabe que aquilo foi uma carnificina. Um jornalista francês que havia coberto guerras durante 20 anos, declarou, à época: “Nunca tinha visto na vida soldados com tanta vontade de matar”. Pergunto: George Bush foi julgado pelos crimes de guerra cometidos no Iraque? Claro que não. Quem tem o poder nas mãos aproveita-se da glória que ele lhe traz. E por mais que uns e outros questionem, os tiranos saem impunes. E ainda tem que os defenda.
Ontem, no jogo entre Flamengo e Boa Vista, valendo o título do primeiro turno do Campeonato Carioca, o jogador rubro-negro Renato entrou decidido a bater em quem lhe cruzasse o caminho. O máximo que recebeu como punição foi um amarelo cartão amarelo. No segundo tempo da partida, agrediu um adversário com uma joelhada no peito. O árbitro, para não entristecer a maior torcida do país, fez vista grossa. Vamos combinar: os times se equivaliam em ruindade. Quem tivesse com um jogador a mais, certamente tiraria proveito da situação. Não adiantou a reclamação dos atletas do Boa Vista. Mal da vista, ou da consciência, o árbitro amputou o time de menor poder. E assim a força mostra a sua força em qualquer lugar. No Iraque, no Afeganistão ou no campo de futebol carioca, quem é mais forte mata o mais fraco. E viva a força.
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