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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Nízia Floresta não é a burguesia, mas fede

     Vamos supor que vossa senhoria seja convidada a votar na performance de alguém. Chega às vossas mãos uma ficha contendo três opções para você optar por uma: ótimo, bom e regular. Acontece que você achou o desempenho algo assim... sofrível, horroroso, uma lástima. Como é que você vai fazer para opinar? Se marcar ótimo, estará mentindo; se assinalar bom, também; optando por regular, nem assim estará dizendo o que pensa. E agora, José? Pois foi assim que me senti ao acessar o site da prefeitura municipal de Nízia Floresta, cidade localizada a 35 quilômetros de Natal/RN. Vi uma enquete onde o internauta poderia avaliar a administração da prefeitura. E grifo “prefeitura” com p minúsculo porque não tenho um p menor. As alternativas eram exatamente as mesmas que relacionei acima. Gente do céu, eu estive lá. É uma tristeza. O prefeito, conforme servidores públicos me confidenciaram, “só aparece na cidade uma vez por semana”. Fiquei horrorizado e perguntei a um funcionário: - Mas o prefeito não mora aqui?- E ele ironizou: - Ta brincando rapaz, ele só frequenta esta cidade no ano da eleição.



- Qual o salário do prefeito?- perguntei.

- Não posso dizer não "sinhô". – respondeu.

- Mas essa informação é pública -, retruquei.

- Ah, é? Então... é doze mil –



     Nossa senhora das botijas escondidas! O camarada recebe uma dinheirama dessas por um emprego e não precisa comparecer ao local de trabalho?! A cidade tem um litoral de praias belíssimas, as casas de veranistas multiplicam-se como formigueiros. Imagine, seu moço, o quanto a prefeitura arrecada de IPTU! A menos de vinte quilômetros distante da praia, esconde-se a pequena sede do município. As ruas são fétidas. Os esgotos correm por cima da pavimentação. O município tem 23 lagoas e abastece várias cidades do Estado potiguar. Mesmo assim, o lençol freático fica à mercê de pútridas lamas que serpenteiam pelo meio das ruas. Ora, ora, amado mestre, pois não é que o prefeito asfaltou certas ruas e deixou de fazer o saneamento básico? Ouvi falar, mas não creio que seja verdade, que o prefeito, que está no quarto mandato, é engenheiro. Não, não creio que um engenheiro seria tão irresponsável. O lugar da cidade melhor cuidado é o cemitério. Verdade, é limpo, pintado, e parece pronto a receber aqueles que não suportarem a catinga das ruas. Agora, vamos combinar, o cara ser prefeito de uma cidade e não ter coragem de morar nela, já diz tudo.


As barracas da feira são emolduradas pelos esgotos

A falta de esgoto permite que a frente da escola fique assim

Ainda bem que a tela não reproduz o cheiro

Bem vindo ao cemitério


2 comentários:

  1. É de fato muito triste ver a realidade de milhares de cidades brasileiras, que têm tudo para progredir, mas sofrem com a imundície desses políticos corruptos que só pensam neles mesmos. Enquanto a maior parte da população luta para sobreviver, esses bandidos curtem a vida roubando dinheiro público e elimando as expectativas de um futuro bom para o povo.

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  2. Meu amigo Gilead, essa é a realidade de muitas cidades brasileiras e no RN não deve ser a única.
    A verdade é que vivemos a mercê das mordomias de boa parte desses cara de pau que recebem salários exorbitantes para não fazerem nada e ainda legislam em favor próprio. Para se ter uma idéia, o salário de um vereador em Natal com vencimentos e adicionais chegou a R$ 53.000,00 (cinquenta e três mil reais).
    O seu relato serve apenas para ilustrar o descaso do poder público com a população que o elegeu para representá-la e administrar os recursos oriundos dos impostos em benefício da sociedade.

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