“Pense
n’eu”. Essa frase é, de longe, a mais bonita, a mais romântica, a mais verdadeira,
a mais triste, a mais pura e a mais ingênua que já ouvi nessas minhas quatro
décadas por este mundo “véio” desmantelado. E ela é a mais em qualquer outra
série de mais que alguém pense em criar. Dita por uma menina de 15 anos do
interior da Paraíba que acabara de achar seu príncipe encantado e viu-se
obrigada a vê-lo partindo para o futuro incerto do Sul, é ingênua. É, também,
pura; puríssima. Os olhos talvez nunca mais se cruzem. Mesmo assim, crente que
o futuro os reunirá, ela faz um último pedido: “pense n’eu”.
Dita
por uma mulher do sertão cearense que arrasta duas crianças pelas mãos e outra
na barriga é triste. O marido dentro do ônibus prometeu-lhe enviar um dinheirinho
de São Paulo e voltar; sem saber quando nem como cumprir a promessa, ouve uma
súplica disfarçada de ordem: “pense néu, viu?”. Nunca mais ele esquecerá os
lábios finos da sertaneja amada se mexendo entre as lágrimas que explodem no
rosto. São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, nem uma metrópole apagará aquele “pense
n’eu”. Apegou-se-lhe à alma.
“Don’t
forget me” pronunciada nas telas de cinema por Katharine Hepburn é um chuvisco
de emoção. “Onde você estiver não se esqueça de mim” cantada por Roberto Carlos,
por mais manteiga que tenha a voz rei, não passa de um faz de conta. Sinto
muito por aqueles que desconhecem os recantos do Brasil, que não habituaram-se
aos sotaques, aos desvios da norma culta no falar. E pense, amizade, em duas
coisinhas que não se misturam: emoção e norma culta. Soa esquisito quando
tentamos uni-las. “Não te esqueças de
mim” é incapaz de ficar na memória de um homem. Basta um boteco e... adeus,
querida. Pense n’eu, não. Pense n’eu é como uma tatuagem. Experimente escutar
a música de Luiz Gonzaga e veja se não tenho razão: pense n'eu.
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