Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Que dia de índio que nada!

     Para ser sincero, nem lembrei que antes de ontem, 19/04, foi o Dia do Índio. E tenho lá minhas razões para isso. Cresci ouvindo falar mal dos silvícolas, assistindo filmes onde eles apareciam como bandidos cruéis e sanguinários, anti-progressistas. Nos livros de histórias que estudei na adolescência, eram empecilhos para os portugueses desbravadores. Além do mais, eram idiotas, acreditavam que o bandeirante poderia tocar fogo nas águas e matá-los de sede. Preguiçosos, meu Deus do céu! Só queriam saber de pescar, festar e andar pelados. Ai, como eram libertinos. Foi isso, paisano que aprendi sobre os primeiros moradores das Américas. Sendo assim, parecia-me um contra-senso comemorar o dia deles. Talvez por esse motivo, nunca gravei a data.

     O tempo foi passando e a ignorância foi se achegando. Dos trinta em diante, então, eu já não sabia de quase nada. Nem da vida, nem do mundo e nem de mim mesmo. Imagina de índio! As certezas de adolescente abriram alas para a dúvida, a dúvida que amadurece, que é insaciável, que é descrente, que procura ver além da cortina. Seguindo a dica de Cristo – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” -, debrucei-me sobre livros. Livros consagrados pela crítica, odiados pelos dominadores de plantão, baluartes da transparência. Baluartes, tão somente, já seria suficiente. Você pode está me perguntando: “E os livros de histórias do colégio?”. Simpatia, ainda hoje, lavo minha consciência para expurga-me das bestialidades contidas ali. Na busca pela verdade, viajei no tempo pelas letras de gente séria e encontrei fortes índios morando em aldeias saudáveis. De repente, portugueses desceram de embarcações e em nome de um reino tomaram posse do lugar. Religiosos pomposamente vestidos deram a chancela que os brancos precisavam. Pronto, reino e religião eram do que aqueles nativos careciam.

     Como cantaria, séculos depois, o Ultraje a Rigor, “não adianta nem nos desprezar, se a gente acostumar a gente vai ficar”. Os da selva, quando se viram enganados pelos europeus, odiaram-nos e desprezaram-nos. Não adiantou, os portugas se acostumaram e ficaram. O índio foi escravizado. Suas terras foram tomadas, seus filhos assassinados sob as bênçãos de um novo, e mais forte, deus. Suas vergonhas – conforme a carta de Pero Vaz de Caminha - foram cobertas, e eles foram envergonhados para sempre. Até o início dos século XX, eram assassinados covardemente por bugreiros – caçadores de bugres – que tinham carta branca para atirar em qualquer selvagem que vissem pela frente. Empurrados para o interior do país, foram sendo exterminados por balas, doenças e vícios trazidos pelos “civilizados” da Europa. Hoje em dia, vivem de favor em pequenas aldeias. Hipócritas como somos, temos a cara de pau de dar-lhes um dia. Nesse dia, as reportagens nos jornais – escritos, falados e televisivos – homenageiam os índios como se eles fossem animais domesticados que servem de espetáculo. O dia do índio, antes da chegada das caravelas de Cabral, era todo dia. Agora, o dia do índio já era, é apenas mais uma data comemorativa.  

2 comentários:

  1. isso e burrise o dia do indio e inportante sim vc e uma porra ñ respeita os outros

    ResponderExcluir
  2. Esse anônimo além de não ter entendido o texto do Gile é muito ruim de português.

    ResponderExcluir