O idoso reverendo está na sala dele conversando com um discípulo mais novo. Eis que entra um homem, que vamos chamar de Barnabé, e reclama de um colega. O ancião escuta a tudo com paciência e balbucia num misto de resposta e pergunta:
- Sabe que você tem razão!?
Mal o reclamão sai, entra o, digamos assim, reclamado. Também insatisfeito, Aristeu se diz vítima de Barnabé e chora suas pitangas. Pensativo, de ouvidos a posto e boca fechada para nao atrapalhar a mente, o ancião dá seu parecer, fruto de anos refletindo sobre a vida.
- Sabe que você tem razão!?
Quando o chorão sai, é a vez de o discípulo entrar em cena. Após ouvir as ladainhas das duas partes e o posicionamento do reverendo, reclama:
- Mestre, Barnabé entrou aqui e reclamou de Aristeu. O senhor deu razão a ele. Depois Aristeu entrou, reclamou de Barnabé e o senhor também deu razão a ele. Quem dos dois tem razão? O senhor não poderia ter dado razão aos dois. Teria que ter apoiado só um deles. A resposta do Ancião veio na forma de um cicio:
- Sabe que você tem razão!?
Meu caro, conheci o reverendo da história acima. Já faleceu há duas décadas. Mas deixou marcas de sabedoria que o tempo nunca irá apagar. Jamais esqueci essa que acabei de contar. Quando a ouvi, eu era um adolescente. E como todo adolescente, discordei do ancião, pois a sabedoria, naquela época, era minha companheira diária. Hoje, menos sábio e com mais idade, reverbero as palavras que um dia foram sem sentido para mim. Bom fim de semana.
Puxa,que legal.
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