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quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um busto às cusparadas

     Que um mau repórter merece uma boa lição, ah, isso merece. E quem pode dar a tal lição, senão o público? Isso mesmo, basta você, xará, não ler, não ouvir e nem assistir a idiotização do jornalismo. Sem audiência não há repórter que resista. Vale salientar que eu chamo de repórter aquele indivíduo que fez uma faculdade, que investiu horas em estudo e que se preparou para o mercado de trabalho. Não vale comentarista de futebol e outras coisas do gênero que não sabem conjugar o verbo ser. Mas não é assim que pensam os donos dos veículos de comunicação. Depois que o STF cassou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, a mão de obra no setor ficou mais barata e menos qualificada. Daí a cuspir na cara de um profissional de imprensa, por pior que ele seja, não cabe a um entrevistado.

     E foi o que ocorreu com um rapaz da televisão. Quando foi perguntar bobagem a uma celebridade – sim, ator da Globo é celebridade – levou uma cusparada. Pense, amizade, numa combinação horrorosa: repórter que se acha celebridade e ator que tem certeza que é uma. Quem leva a pior, quem? E o que pode acontecer? Nada. Levou a cusparada? O remédio é procurar a torneira mais próxima e lavar o rosto para ficar experto. Um ator de televisão, principalmente de novela, é um semideus no Olimpo das telinhas brasileiras. Sendo assim, pode fazer o que bem quer e com quem bem entenda. No Brasil, a televisão venceu a disputa contra os livros antes mesmo de o primeiro aparelho de TV ser construído. Lembra da vinda da família real portuguesa para cá? Pois então, os livros da Real Biblioteca de Portugal não vieram. Ficaram no cais do porto esperando uma chance. A preferência nos navios foi dada aos cortesãos. Os livros até que vieram, mas demorou. Quando a televisão surgiu, adeus livros.

     Conheço autor que tem mais de uma dezena de livros publicados. Quando ele caminha nas ruas das cidades, passa despercebido. Aí vem um fedelho que não soma nada de bom para a sociedade e por onde passa tem um ignorante se curvando para homenageá-lo. Ei, assim não dá. Um povo que não valoriza o conhecimento tem que erguer bustos para honrar as lhamas da televisão. Sabe as lamas?, aquele animal que adora cuspir? Então! Podemos, inclusive, criar o dia nacional da cusparada. Nesse dia, a população fará caminhadas pelas ruas das metrópoles enquanto os atores e atrizes farão sobrevôos cuspindo a tudo e a todos. Já imaginaram, meu caros, o momento de glória para os amantes das novelas? “Ah, menina, sabe quem me deu uma cuspida bem no olho? Gianechini.”


Um comentário:

  1. Os brasilerios (pelo menos a maioria) têm o cérebro cauterizado porque não lêem, só assistem bobagem na tv.
    O fato é lamentável, mas teu texto, muito engraçado.

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