"Tem coisas que só acontecem com o Botafogo", choram os torcedores do time da estrela solitária. No embalo da torcida, emendo: tem coisas que só acontecem no Brasil. Apesar de não acreditar nem um tiquininho na lisura do esporte das multidões, e ter muito o que criticar na postura da rapaziada que administra o futebol, usei-o apenas como gancho para conversar contigo sobre outra nuance da vida política dos brasileiros - a sacanagem. No dia 28 de dezembro do ano passado, publiquei uma crônica neste blog tendo como personagem principal o então deputado Pedro Novais. E alertei que ele, à época, fora convidado para assumir um ministério no Governo Dilma. Ninguém fez nada para evitar, ou não acreditaram no que eu disse. O homem foi elegido ministro do turismo. O cara tinha promovido uma orgia em um motél maranhense e depois teve a singeleza de pagar a conta com o dinheiro público. Voltando ao futebol: "Eu já sabia".
Menos de um ano depois, a Polícia Federal encarcera os homens fortes do ministro moteleiro. Amigo, era impossível o Ministério do Turismo dar certo com uma trupe tão vanguardista à sua frente. Agora o ministro ameaça pedir as contas. Dilma, minha filha, deixa o vovô do motél se mandar. Cobra, entretanto, a conta antes. É, tem coisas que só acontecem no Brasil. Aqui o cara é pego com a cueca cheia de dinheiro e grita assustado: "minha nossa senhora dos larápios, valei-me. Quem colocou essa miséria no meu cofre!?". Outro é filmado recebendo dinheiro do propinoduto e depois, com a cara tão limpa quanto chão de galinheiro, avisa: "meus advogados vão provar que não sou bandido". Tem coisa, paisano, que só acontece no Brasil. A sacanagem institucionalizada é uma delas.
A palavra encravada na bandeira da Paraíba - Nego - deveria ser lema da vida pública tupiniquim. O negócio é negar. Uma banca de brilhantes advogados movida à grana tratará de dar um jeitinho. E em muitos casos o demônio é convertido em santo, pasme. Milagres da justiça, simpatia. Definitivamente, tem coisa que só acontece no Brasil.
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