“Um tapinha não dói, um tapinha não dói”. Qual o brasileiro que, querendo ou não, deixou de escutar esse clássico da música erudita? E então, gente boa, um tapinha dói, ou não dói? A começar pela construção da frase, dói. Óbvio, não é “um tapinha”, e sim, uma tapinha. Levando em conta a letra da canção, até que essa é a parte menos doída. Entretanto, doendo ou não, concordando ou não, quase todos nós ouvimos. Mais do que escutar, nós aceitamos o que foi cantado. Na semana passada um jogador de futebol saiu na tapa com a namorada na frente dos amigos. No outro dia a imprensa, de modo geral, caiu de pau no atleta estapeador. Um dos amigos resolveu defendê-lo e argumentou que “todo mundo” já deu uns tabefes na mulher. Ah, os boleiros, aqui lembrados, pertencem ao clube de Regatas Flamengo.
Domingo passado uma emissora de televisão brasileira divulgou imagens de uma baile na favela da Chatuba, no Rio de Janeiro. No meio da muvuca alguns traficantes exibiam armas de fogo e protegiam um jogador de futebol. O boleiro também joga no Flamengo. Ao ser entrevistado, dias depois, o boêmio achou natural o que fizera. E mais, declarou que não foi um ato isolado, mas costumeiro. Ou seja, andar ladeado por criminosos não é nada demais.
Primeiro um bate na namorada, depois outro aparece com bandidos. E a vida segue, como se o homem já estivesse totalmente bestializado. Como se nós não estranhássemos mais nada. Como se os valores morais e o respeito ao próximo fossem coisas do passado. É, boa vida, vendo desse modo, um tapinha, de fato, não dói.
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