Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, vou relatar o diálogo que ouvi hoje cedo. Na verdade eu peguei o bonde no meio do caminho e o que escutei foi:
- Essas empregadas são folgadas.
- Essas empregadas são folgadas.
- Ah, são. Eu não agüento mais a minha.
- Eu não dou moleza, não. E a senhora tem que entender que a sua relação com ela tem que ser a de patrão e empregado. Nada de intimidades. A senhora paga e ela trabalha; é assim que tem que ser.
- Pois é. Veja só o que a minha anda fazendo: eu tenho umas toalhas lá em casa que são novas. Pois ela toma banho e se enxuga com elas. Ora, nem eu, que sou dona, uso, ela vai usar! É um desaforo.
- Faça o seguinte, cada vez que ela usar uma toalha nova a senhora manda ela levar pra casa e cobre dela uma toalha nova. Quero ver se ela vai fazer outra vez. Eu fiz isso. A minha empregada abria uma lata de pêssego e comia, parecia que estava na casa dela. Aí eu falei pra ela: antes de você comer alguma coisa, na minha casa, verifique o valor na etiqueta que eu vou cobrar. E cobrei! Nunca mais ela fez isso. Faça o mesmo.
- Só se eu fizer isso.
- Não dê moleza não.
Nesse momento acabou minha seção de fisioterapia e tive que me retirar da sala. A dona das toalhas, que não as usava, não tinha menos que setenta anos. A conselheira beirava os quarenta e cinco. Fiquei com vontade de perguntar se elas pagavam todos os direitos que as “empregadas” tinham. Estava curioso para saber se as “mucamas” recebiam hora extra e outros benefícios. Mas, como hoje é o dia da mulher, fiquei bem quietinho. As escravas que me desculpem a covardia. agora, cá pra nós: quase oitenta anos e ainda guardando toalhas! Eu também teria usado, uma por uma. Prá lá, jacaré. Vai querer levar as toalhas pro inferno? Lá só tem fogo, os panos queimarão em um segundinho.
Nesse momento acabou minha seção de fisioterapia e tive que me retirar da sala. A dona das toalhas, que não as usava, não tinha menos que setenta anos. A conselheira beirava os quarenta e cinco. Fiquei com vontade de perguntar se elas pagavam todos os direitos que as “empregadas” tinham. Estava curioso para saber se as “mucamas” recebiam hora extra e outros benefícios. Mas, como hoje é o dia da mulher, fiquei bem quietinho. As escravas que me desculpem a covardia. agora, cá pra nós: quase oitenta anos e ainda guardando toalhas! Eu também teria usado, uma por uma. Prá lá, jacaré. Vai querer levar as toalhas pro inferno? Lá só tem fogo, os panos queimarão em um segundinho.
Boa noite meu caro. Gostei muito de sua crônica, vou mais além, sua crônica é digna de um prêmio, pois as domésticas são vistas, assim como você mesmo relatou, mucamas, mas devem ser respeitadas e tratadas por nós com extremo respeito.
ResponderExcluirAbraços,
Vanderley Melo
Grajauense e seu vaqueiro.
Agradeço pelo elogio.
ResponderExcluirForte abraço, Vanderley.
Essa crônica foi ótima, "prá lá jacaré" rsrs. Mas... que triste, essa é uma de nossas realidades.
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