Aproveite algumas fotos da praia do sambaqui, em Florianópolis.
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Liberdade de imprensa? Fala sério!
Certas coisas no Brasil me enojam. E uma delas é a suposta liberdade de imprensa. Um discurso amarelo que muitos insistem em pintá-lo para apresentar aos incautos. O que há, de fato, é liberdade para veículos de comunicação. E, cá entre nós, vou falar baixinho que é para não espalhar: - nem todo veículo de comunicação goza de liberdade. Costumo dizer que um fato, para ser verdadeiro, precisa ser publicado na imprensa. Se não foi publicado, não aconteceu. Mesmo tendo acontecido, com testemunhas e tudo mais. Por outro lado, mesmo que não tenha ocorrido, se a imprensa noticia, sucedeu-se. É devido a esse jogo de poder e interesse que tanto se propaga a liberdade de imprensa.
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Santa catarina
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Dá-lhe, Angélica
Uma amiga minha acabou de me contar que consegui uma vaga na UNB (Universidade de Brasília). Juro por Deus, fiquei muito feliz. Parabenizei-a. A moça é do interior de Santa Catarina. Admiro-a pela vontade de vencer e a coragem de lutar que possui. Digo isso porque todo mundo quer ser um vencedor, lutar que é bom, necas de pitibiriba. Angélica, por sua vez, sempre me passou uma gana muito grande. Sabe aquela pessoa que a gente olha, escuta e diz: “vai longe”. Desde que a conheci, aqui em Floripa, sempre tive certeza que a catarinense daria voos altos. Você pode estar me perguntado: “Só porque ela passou na UNB, merece tantos elogios?”. Não, não é só por isso. Se bem que entrar na UNB não é “só isso”. Sei, por outro lado, que o que ela fez foi entrar em um aeroporto com aeronaves prontas a levá-la para qualquer lugar desse asteróide onde vivemos. Ao menos para Elisa – este é o sobrenome da minha amiga – a entrada para o mundo está aberta.
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terça-feira, 27 de julho de 2010
O sufista que sabia nadar
A água diz ao impuro: “Venha cá.”
O impuro responde: “Tenho vergonha.”
A água replica: “Como poderá se purificar dos seus pecados sem mim?”
Não, não é um texto bíblico. O verso acima é de autoria do sufista Rumi, o mais famoso do Afeganistão. Nasceu no século XIII. Se o texto tivesse sido escrito por um contemporâneo meu, logo um engraçadinho diria que tinha sido um “copia e cola.” Digo isso porque o pedaço de poema lembra, e muito, as palavras de Jesus Cristo. Eu acho interessante como determinados assuntos pipocam, às vezes ao mesmo tempo, em diferentes grotões desse planetinha onde vivemos. O que tenho para te falar, entretanto, não tem nada a ver com esses lampejos coletivos. Tem a ver, sim, com o fragmento afegão.
O impuro responde: “Tenho vergonha.”
A água replica: “Como poderá se purificar dos seus pecados sem mim?”
Não, não é um texto bíblico. O verso acima é de autoria do sufista Rumi, o mais famoso do Afeganistão. Nasceu no século XIII. Se o texto tivesse sido escrito por um contemporâneo meu, logo um engraçadinho diria que tinha sido um “copia e cola.” Digo isso porque o pedaço de poema lembra, e muito, as palavras de Jesus Cristo. Eu acho interessante como determinados assuntos pipocam, às vezes ao mesmo tempo, em diferentes grotões desse planetinha onde vivemos. O que tenho para te falar, entretanto, não tem nada a ver com esses lampejos coletivos. Tem a ver, sim, com o fragmento afegão.
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segunda-feira, 26 de julho de 2010
Felipe Massa e Rubens Barrichello, tudo a ver
“Porque a sabedoria serve de sombra, como de sombra serve o dinheiro; mas a excelência da sabedoria é que ela dá vida ao seu possuidor”.
Amigos e amigas, a verdade acima foi dita há quase três mil anos. Pasme, gente boa, quase três mil anos. Ou seja, não é de hoje que o dinheiro acoberta seus donos. Talvez em nossos dias, com tantos discursos politicamente corretos, as verdades são mais escamoteadas. Desde que o homem vivia na caverna, quem mandava era quem tinha a força. Depois que criaram o dinheiro, a força tornou-se esposa dele. E andam de mãos dadas. Nunca vi união tão sólida. Onde está um, o outro tá colado. Feito zagueiro marcando Romário. Não dá folga. E as pessoas seguem a tresloucada busca pelo “faz-me rir”. E vale ressaltar que nessa caçada muitos perdem a visão. Alguns perdem a cabeça. Outros perdem a dignidade. Nesse ponto o dinheiro difere da sabedoria.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Memória, pra quê te quero
Antes de qualquer coisa: é verdade. Um cidadão de 78 anos parou num famoso café da capital catarinense e deu de cara com um amigo de infância. Ficou emocionado. Fazia quase setenta anos que não tinha notícias dele. Se era vivo, se casara, se concluíra o ensino médio, se conseguira terminar um curso superior. O fato é que ele estava lado a lado com o antigo colega. E nesse caso, é antigo mesmo. Enternecido o ancião perguntou: “Então, lembra de mim?”. Surpreso e sem reconhecer, mas não querendo se passar por caduco arriscou: “Claro, é o Paulo”. O outro murchou, entretanto deu uma dica: “Estudamos junto quando crianças, rapaz”. Uma vasculhada na memória e nada. Daí a admitir a diminuição dos neurônios a distância era grande. “Lembro, lembro. É o João”, apostou. Jogada errada, dinheiro perdido. “Não, homem. Você não se lembra de mim”, conformou-se o leitor contumaz e fazedor de palavras cruzadas. E abriu o jogo: “Eu sou Honório, camarada. Estudamos juntos no primário, lembra agora?”. Cheio de ternura o esquecido admirou-se: “Honório, homem de Deus, você não mudou nada”.
Pois é.
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quinta-feira, 22 de julho de 2010
Palmada, câncer e gangrena
A palmada agora está proibida. Pai algum sairá impune, no Brasil, se ousar tocar com a mão no filho. É lei, amizade. E lei, você sabe como é, não é? Só não cumpre quem é fraco da cabeça, ou rico o suficiente para passar por cima dela. A grande parte da população verde e amarela se encaixa na turma que precisará obedecer a nova legislada. Eu, acredite, sou totalmente favorável à medida. Que papo é esse de pai bater em filho? Toda criança, desde que dá a primeira chorada neste torrão, tem a capacidade de analisar as próprias atitudes. E se erra, o problema é dela. Pai não existe para corrigir filho. É preciso que fique claro. No tempo que fusca era carro de luxo, até que vá lá, mas as coisas mudaram. A situação foi invertida, conterrâneo. Agora é o filho quem manda no pai. Durma com esse barulho.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Santas manicures
Mudo meu nome, mas não digo quem foi. O fato é que o que vou contar, tenha certeza, amizade, aconteceu. E não foi na China, nem na Islândia e nem na Papua Nova Guiné. Foi em Florianópolis. Sob o manto protetor da Europa Brasileira. E não pense, advirto, que se trata de uma moradora do bairro mais desprestigiado desta capital. Necas de pitibiriba – isto é, negativo. Nem cogite a descabida ideia de imaginar que a pessoa a quem me refiro seja alguém vinda do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro ou da Bahia. Para com isso. A dita cuja é nascida, criada e educada debaixo das bênçãos da ponte Hercílio Luz. Uma amiga minha soprou no meu escutador de forró, que a mal-afamada frequenta a alta sociedade catarinense. E agora?
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terça-feira, 20 de julho de 2010
As mocréias de Copacabana
Domingo à noite eu, enquanto mudava de um canal para outro, parei para assistir algumas vídeocassetadas. De repente apareceu um vídeo com duas senhoras que tinham, no mínimo, setenta anos cada. Elas estavam na beira da praia, tentando se equilibrar sobre uma espécie de caiaque. Um instrutor segurava a embarcação enquanto as vovós realizavam a proeza. Não deu outra, caíram. O apresentador do programa fez a cena ser repetida e brincou: “As mocréias de Copacabana”. A platéia foi ao delírio. Uma risada coletiva se fez ouvir. Foi então que percebi o descaso, e até o deboche, com nossos idosos. Lembrei-me de uma fábula contada no livro As intermitências da morte, do recém-falecido escritor português José Saramago. Vou tentar escrevê-la.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010
Do Rio Grande do Norte à civilização
Depois de umas semanas longe de Santa Catarina, fiz como Roberto Carlos - voltei. Enquanto estava no Rio Grtande do Norte, senti uma falta grande da civilização. Tive que retornar, mas antes fpassei por Florianópolis. Só então acelerei o motor do possante em direção à serra. Vida no campo. Nada como passar uns dias tendo aulas de respeito, educação e boa convivência com os quadrúpedes. Ah, os pássaros, apesar de serem bípedes, também conhecem o que é civilidade. E por esse motivo, em determinados dias eu nem sequer ligava o computador. Para quê? Para ficar sabendo de notícias sobre o "caso Bruno"? Não, a civilização estava ao meu dispor. Eu não iria desperdiçar a oportunidade.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
Cruel sedução
Quando ela chega, me desconcerto. Minhas pernas bambeiam e insistem em desobedecer ao cérebro. Se bem que a cabeça, a essas alturas, não merece lá sujeição. É que a mente fica confusa, os pensamentos trôpegos e os desejos em desalinho. O calor do meu corpo se eleva. E não adianta tentar controlar, enquanto ela está por perto, não sou dono de mim. Insisto em brigar comigo para vencê-la. É uma luta inglória. Ela, reconheço, é mais forte que eu. Invade minhas emoções. Ela, qual ciclone na savana, que faz até o rei dos animais se apequenar, sabe como me domar. Sou homem, e “homem que é homem não chora”, mentalizo inutilmente. Suas manhas e seduções apertam meus olhos e, mesmo que furtivamente, lacrimejo.
Uma olhadela mais cúmplice me aponta a cama. Dessa vez resistirei, argumento comigo e para mim mesmo. Não me dobrarei a uma sedução tão barata, tão ordinária e tão doentia. Estou cônscio que sofrerei. Vai embora, peço. Por favor, imploro. Armo-me de argumentos que podem tirar-lhe o desejo. É tudo em vão. Outra vez ela me mostra a cama. Minhas pernas vacilantes obedecem-lhe. A quentura já tomou conta de mim. Prá lá, gripe nojenta.
Uma olhadela mais cúmplice me aponta a cama. Dessa vez resistirei, argumento comigo e para mim mesmo. Não me dobrarei a uma sedução tão barata, tão ordinária e tão doentia. Estou cônscio que sofrerei. Vai embora, peço. Por favor, imploro. Armo-me de argumentos que podem tirar-lhe o desejo. É tudo em vão. Outra vez ela me mostra a cama. Minhas pernas vacilantes obedecem-lhe. A quentura já tomou conta de mim. Prá lá, gripe nojenta.
Banana envenenada
Primeiro pousou o tiê. Em seguida foi a vez do bem-te-vi. O tié, coitado, bem menor que o tiranídeo, esperou que o fortão comesse para depois dar suas bicadas na banana. Não quis se meter a besta e encarar um pássaro que tinha duas vezes o seu tamanho. O Pitangus sulphuratus, desconfiado por demais, olhou a comida, espiou para o lado direito, para o esquerdo, para cima, para baixo, mas não comeu. A banana podia ser uma armadilha. Quem sabe um humano não a colocou lá para pegá-lo! Podia estar envenenada. Alem do mais, como diz o ditado, “laranja madura na beira da estrada, ou tem bicho, ou tem maribondo do lado”. Pensou.
E ficou nesse chove não molha por minutos. Será que tinha alguém observando ele se fartar, para em seguida pular em cima dele e engaiolá-lo? Não, não iria cair nessa. Devia ser um conto do vigário. Sentindo-se escolado, pensou: “desconfiado morreu de velho”, e num rápido bater de asas se mandou. O tiê já não agüentava mais a fome. Saltou sobre a banana parecendo que não comia há meses. Empapuçou-se. Depois de encher a barriga voou. Da varanda, meu posto de observação, fiquei pensando: tem gente que é como o bem-te-vi, de tanto desconfiar, acaba de barriga vazia.
E ficou nesse chove não molha por minutos. Será que tinha alguém observando ele se fartar, para em seguida pular em cima dele e engaiolá-lo? Não, não iria cair nessa. Devia ser um conto do vigário. Sentindo-se escolado, pensou: “desconfiado morreu de velho”, e num rápido bater de asas se mandou. O tiê já não agüentava mais a fome. Saltou sobre a banana parecendo que não comia há meses. Empapuçou-se. Depois de encher a barriga voou. Da varanda, meu posto de observação, fiquei pensando: tem gente que é como o bem-te-vi, de tanto desconfiar, acaba de barriga vazia.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Um cara de sucesso
- O que é um cara de sucesso?
- Um cara que tem dinheiro.
- O que mais?
- Bem sucedido profissionalmente.
- O que mais?
- Que faz sucesso com a mulherada.
- O que mais?
- Que tem porte atlético.
- O que mais?
- Como, o que mais?, achas isso pouco?
- Tudo bem, tudo bem. Mas me diz mais uma coisa: o que é um jogador de sucesso?
- Ué, um que joga num time grande, tipo: São Paulo, Flamengo, Cruzeiro...
- Quer dizer que se o cara é jogador de futebol, atua em um time grande, é famoso, tem dinheiro e vive cheio de mulher, pode ser considerado um cara de sucesso?
- Óbvio, meu chapa. Tas começando a me irritar, com tantas perguntas.
- É que sou curioso mesmo. Não me leve a mal. Responde, porém: o que é viver cheio de mulher?
- Ô meu, de que planeta você é? Viver cheio de mulher é sair para as baladas e pegar quantas quiser. Se der, mais de uma por noite.
- Entendi. Só não sei se um cara agindo assim não pode ser confundido com um mau-caráter.
- Tá louco, Mané? Um cara assim é um ídolo. Não vem com esse papo de mau-caráter, não. Um cara assim é respeitado pela sociedade. É capa de jornal, de revista e o escambau.
- Saquei. Agora deixa eu ir que vou assistir as últimas notícias sobre um goleiro de sucesso.
- Que goleiro?
- Bruno, do Flamengo.
- Que nada, maluco, aquilo é um safado.
- Ué, ele não é famoso, tem dinheiro, vive cheio de mulher e joga num grande clube?
- Sim, mas ele se envolveu numa parada errada, vacilou.
- Não é um risco que corre um cara de sucesso?
- Deixa eu ir embora, outro dia a gente conversa. Valeu.
- Valeu.
- Um cara que tem dinheiro.
- O que mais?
- Bem sucedido profissionalmente.
- O que mais?
- Que faz sucesso com a mulherada.
- O que mais?
- Que tem porte atlético.
- O que mais?
- Como, o que mais?, achas isso pouco?
- Tudo bem, tudo bem. Mas me diz mais uma coisa: o que é um jogador de sucesso?
- Ué, um que joga num time grande, tipo: São Paulo, Flamengo, Cruzeiro...
- Quer dizer que se o cara é jogador de futebol, atua em um time grande, é famoso, tem dinheiro e vive cheio de mulher, pode ser considerado um cara de sucesso?
- Óbvio, meu chapa. Tas começando a me irritar, com tantas perguntas.
- É que sou curioso mesmo. Não me leve a mal. Responde, porém: o que é viver cheio de mulher?
- Ô meu, de que planeta você é? Viver cheio de mulher é sair para as baladas e pegar quantas quiser. Se der, mais de uma por noite.
- Entendi. Só não sei se um cara agindo assim não pode ser confundido com um mau-caráter.
- Tá louco, Mané? Um cara assim é um ídolo. Não vem com esse papo de mau-caráter, não. Um cara assim é respeitado pela sociedade. É capa de jornal, de revista e o escambau.
- Saquei. Agora deixa eu ir que vou assistir as últimas notícias sobre um goleiro de sucesso.
- Que goleiro?
- Bruno, do Flamengo.
- Que nada, maluco, aquilo é um safado.
- Ué, ele não é famoso, tem dinheiro, vive cheio de mulher e joga num grande clube?
- Sim, mas ele se envolveu numa parada errada, vacilou.
- Não é um risco que corre um cara de sucesso?
- Deixa eu ir embora, outro dia a gente conversa. Valeu.
- Valeu.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Impunidade e falta de vassoura
Em uma casa moravam, intrusamente, quatro morcegos. Digo, intrusamente, porque os quirópteros residiam na vivenda de humanos. Exatamente, os alados foram chegando à residência de um casal de idosos e, malandramente, foram ficando, ficando, e ficaram. O quarto onde a parelha de sexagenários dormia, e ainda dorme, vale ressaltar, era forrado com gesso. Os demais cômodos do lar, sem forro, tornaram-se o playground do quarteto indesejado. Creia, paisano, não estou te contando uma fábula. Juro por Deus, é tudo a mais pura verdade. Durante o dia os pequenos mamíferos dormiam dependurados nos caibros da habitação. Mal a noite caía, e os notívagos se punham em um verdadeiro frenesi. Saracoteavam de um lado para o outro, davam rasante sobre a cabeça dos senhores e pareciam zombar deles. Ô cambada de hóspedes folgada! Nem sei se devo chamá-los de hóspedes.
Certo dia um filho do casal veio morar com eles. Quando percebeu que a casa dos pais tinha virado um cabaré de morcegos, ficou indignado. Uma ideia mórbida invadiu o coração do camarada. Armou-se com uma vassoura e deu vazão ao seu extinto justiceiro. A primeira vassourada passou em branco. Os invasores deram uma revoada e voltaram a se alojar no telhado. A segunda vassourada foi letal. Um morcego a menos. Novo bater de asas. Novo pouso nos caibros. Outra vassourada, outro finado. Calmaria na casa. Os despejados sentiram a força da justiça. Nunca mais voltaram. A vassoura voltou a sua função precípua, varrer o chão. O homem me olhou e disse: “O problema é a impunidade. Quando eles viram que dois tinham morrido, desapareceram”. E agora?, pensei. Será que o cidadão tinha razão? Refleti sobre os diversos crimes que fazem meu país desfalecer moral e economicamente. É, talvez o justiçoso tivesse mesmo razão. Acho que vou comprar uma vassoura.
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quinta-feira, 8 de julho de 2010
Lages
No mês passado eu visitei o Rio Grande do Norte. Alguns amigos meus, de lá, pediram para eu postar fotos das cidades brasileiras por onde passo. Aproveitei minha passagem, hoje, por Lages, na serra catarinense, e fiz algumas fotos. Lages é a maior cidade do planalto serrano.Tem 170.000 habitantes. A temperatura de 19 graus, e o céu sem nenhuma nuvem, tornaram minha visita muito mais agradável.
Centro da cidade. Árvores desfolhadas revelam a dureza do inverno.
Centro da cidade. Árvores desfolhadas revelam a dureza do inverno.
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terça-feira, 6 de julho de 2010
Por trás da Seleção Brasileira
Hoje eu torci pelo Uruguai. Torci torcendo. Roendo as unhas. Mentira, não roeria minhas unhas por causa de onze homens de cada lado, brigando por uma bola, como diz sabiamente dona Margarida Maurício. Desejei intensamente que a Celeste Olímpica, como é conhecida a seleção uruguaia, vencesse a favorita Holanda. E, venhamos e convenhamos, se não fosse a arbitragem o time holandês teria corrido sérios riscos de retornar hoje mesmo para Amsterdã. Certo mesmo é que vibrei com os gols do último representante da América do Sul na copa. E, admito, vibrei como não o fiz pela seleção de Dunga. E não pense que deixei de torcer pelo Brasil por causa do zangado treinador. Não; não torci porque entendo que o time que ele treinava não era, nem de longe, um legítimo representante do meu país. Era o time da CBF – Confederação Brasileira de Futebol. O time de Ricardo Teixeira, presidente da entidade. Você sabe, paisano, que tipo de pessoa jurídica é a CBF? Sabe como ela é gerida por Teixeira? Se tens interesse em começar a descobrir o que está por trás da “Seleção Brasileira”, recomendo a leitura de uma síntese do relatório da CPI do futebol, feito pela Câmara dos deputados. Depois me diz por quem você torceu nessa copa. Aqui está o link:
Antes de ler lembre-se que o conhecimento cobra um preço muito alto.
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segunda-feira, 5 de julho de 2010
Sou brasileiro, sou babaca
Ainda que a CBF seja uma caixa preta e seu cofre seja um incógnito, continuo comprando televisão nova a cada copa do mundo para ver os jogos da Seleção.
Ainda que o legislativo aumente o próprio salário de forma abusiva, e quebre o erário, creio em nossos homens públicos.
Ainda que traficantes continuem liderando quadrilhas de dentro do presídio, creio que nosso sistema penitenciário é um exemplo de eficiência.
Ainda que detentos continuem fugindo por túneis cavados sem que os agentes penitenciários percebam a movimentação deles, creio que tais agentes nunca são subornados.
Ainda que os presidenciáveis não apresentem um projeto de combate à corrupção, mesmo assim votarei em um deles na próxima eleição.
Ainda que as verbas para educação sejam desviadas por esquemas fraudulentos feitos entre políticos e empresários, creio que teremos, em breve, o melhor ensino da via láctea.
Ainda que magistrados vendam sentenças e condenem inocentes, admiro-os pela inteligência e desenvoltura no desenvolvimento de tão nobre missão.
Ainda que Sabrina Sato seja considerada uma jornalista, assim como Neto (Band) e Caio (Globo), temos os melhores profissionais de imprensa do planeta.
Ainda que o Padre Fábio seja considerado escritor, e venda livro aos milhares, creio na qualidade das publicações tupiniquins.
Ainda que sacerdotes estejam atolados até o pescoço em crimes de pedofilia, estelionato e falsidade ideológica, continuo apaixonado por esse tipo de cristianismo. Que, venhamos e convenhamos, é muito mais atrativo do que o ensinado pelo aprendiz Jesus Cristo.
Ainda que os veículos de comunicação não noticiem crimes praticados por seus donos, amigos e asseclas, creio piamente na imparcialidade jornalística.
Ainda que médicos formem quadrilhas para surrupiar pacientes, continuo achando que isso é intriga de quem não estudou para ser “doutor”.
Ainda que nossa telefonia seja um pouco melhor que uma chanha, sei que a culpa é do usuário que quer pagar pouco e falar muito.
Ainda que tenhamos que pagar impostos altíssimos para sustentar o luxo de políticos, acredito que precisamos trabalhar mais, até porque “o trabalho dignifica o homem”.
Ainda que o programa Pânico na TV seja líder de audiência, não duvido da qualidade de nossa programação televisiva.
Ainda que os ricos continuem explorando os pobres, creio que estes se fazem de vítima. Porque o rico trabalha duro para ganhar dinheiro.
Ainda que minha barriga ronque por falta de comida, minhas forças faltem por falta de saúde, e minha dor se torne insuportável por falta de alternativas, eu não desistirei de lutar. Porque eu sou um parvo, e um parvo não desiste nunca.
Ainda que o legislativo aumente o próprio salário de forma abusiva, e quebre o erário, creio em nossos homens públicos.
Ainda que traficantes continuem liderando quadrilhas de dentro do presídio, creio que nosso sistema penitenciário é um exemplo de eficiência.
Ainda que detentos continuem fugindo por túneis cavados sem que os agentes penitenciários percebam a movimentação deles, creio que tais agentes nunca são subornados.
Ainda que os presidenciáveis não apresentem um projeto de combate à corrupção, mesmo assim votarei em um deles na próxima eleição.
Ainda que as verbas para educação sejam desviadas por esquemas fraudulentos feitos entre políticos e empresários, creio que teremos, em breve, o melhor ensino da via láctea.
Ainda que magistrados vendam sentenças e condenem inocentes, admiro-os pela inteligência e desenvoltura no desenvolvimento de tão nobre missão.
Ainda que Sabrina Sato seja considerada uma jornalista, assim como Neto (Band) e Caio (Globo), temos os melhores profissionais de imprensa do planeta.
Ainda que o Padre Fábio seja considerado escritor, e venda livro aos milhares, creio na qualidade das publicações tupiniquins.
Ainda que sacerdotes estejam atolados até o pescoço em crimes de pedofilia, estelionato e falsidade ideológica, continuo apaixonado por esse tipo de cristianismo. Que, venhamos e convenhamos, é muito mais atrativo do que o ensinado pelo aprendiz Jesus Cristo.
Ainda que os veículos de comunicação não noticiem crimes praticados por seus donos, amigos e asseclas, creio piamente na imparcialidade jornalística.
Ainda que médicos formem quadrilhas para surrupiar pacientes, continuo achando que isso é intriga de quem não estudou para ser “doutor”.
Ainda que nossa telefonia seja um pouco melhor que uma chanha, sei que a culpa é do usuário que quer pagar pouco e falar muito.
Ainda que tenhamos que pagar impostos altíssimos para sustentar o luxo de políticos, acredito que precisamos trabalhar mais, até porque “o trabalho dignifica o homem”.
Ainda que o programa Pânico na TV seja líder de audiência, não duvido da qualidade de nossa programação televisiva.
Ainda que os ricos continuem explorando os pobres, creio que estes se fazem de vítima. Porque o rico trabalha duro para ganhar dinheiro.
Ainda que minha barriga ronque por falta de comida, minhas forças faltem por falta de saúde, e minha dor se torne insuportável por falta de alternativas, eu não desistirei de lutar. Porque eu sou um parvo, e um parvo não desiste nunca.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
A cadela, a dona e a seleção brasileira
Estive, a pouco, no Centro de Florianópolis. Uma cena me chamou atenção. Uma senhora conduzia a cachorrinha de estimação. É certo que em determinados momentos a mulher mais parecia ser guiada. As quatro patas, que não tinham mais que dez centímetros, agarravam-se ao solo e tracionavam o pequeno animal. A dona mostrava tenacidade e dava pequenos solavancos na corrente presa ao pescoço da mascote. Nessa hora ficava claro quem mandava. Tornava-se evidente quem ditava o ritmo da caminhada. Por mais que a canina tivesse espasmo de valentia, e quisesse assumir as rédeas da situação, era vencida pelo apertar do pescoço.
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