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terça-feira, 27 de julho de 2010

O sufista que sabia nadar

A água diz ao impuro: “Venha cá.”
O impuro responde: “Tenho vergonha.”
A água replica: “Como poderá se purificar dos seus pecados sem mim?”

          Não, não é um texto bíblico. O verso acima é de autoria do sufista Rumi, o mais famoso do Afeganistão. Nasceu no século XIII. Se o texto tivesse sido escrito por um contemporâneo meu, logo um engraçadinho diria que tinha sido um “copia e cola.” Digo isso porque o pedaço de poema lembra, e muito, as palavras de Jesus Cristo. Eu acho interessante como determinados assuntos pipocam, às vezes ao mesmo tempo, em diferentes grotões desse planetinha onde vivemos.  O que tenho para te falar, entretanto, não tem nada a ver com esses lampejos coletivos. Tem a ver, sim, com o fragmento afegão.



          Interessante como a vida é simples. Curiosas são as soluções que ela apresenta para os problemas que nos envolvem. Notou quão lógico é o diálogo? O sujeito está sujo, logo, precisa se lavar. É aí que entra o ser humano com suas idiotices. E o ser humano em destaque pode ser eu, pode ser você, ou alguém que conheçamos. Deixemos o alguém de fora. Você, ou eu, não quer ir à água porque tem receio. Receio de que?, de sujar o precioso líquido? Para ficar limpo, no entanto, você, ou eu, precisa se lavar. E há diversas formas de se purificar. Se o teu, ou o meu, espírito está sujo, a solução passa por uma aproximação com o divino. Não somente.

          Ao fim de um dia você já percebeu a quantidade de sujeira que gruda na gente? Palavras que escutamos, imagens que vemos e sensações que sentimos, são como visgo que cola em nossa alma. Tem pessoas que adoram programa policialesco. Fica apavorada, aflita e estressada. Com medo de tudo e de todos. O discurso sensacionalista do comunicador, as cenas fortes apresentadas e o terror exibido, maculam o interior do telespectador. Tem colegas que estão "carregados" pela ira, pelo rancor e pelas concupiscências. Aí você passa na frente de uma livraria. Olha para um livro que te chamou a atenção. Ele parece suplicar: “Leve-me contigo, vou ajudar a limpar tua mente.” Você até ouve, mas pensa: “Tenho pouco tempo. À noite vou assistir a novela.” Um livro, uma oração, uma conversa amiga. Águas purificadoras.

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