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sexta-feira, 2 de julho de 2010

A cadela, a dona e a seleção brasileira

          Estive, a pouco, no Centro de Florianópolis. Uma cena me chamou atenção. Uma senhora conduzia a cachorrinha de estimação. É certo que em determinados momentos a mulher mais parecia ser guiada. As quatro patas, que não tinham mais que dez centímetros, agarravam-se ao solo e tracionavam o pequeno animal. A dona mostrava tenacidade e dava pequenos solavancos na corrente presa ao pescoço da mascote. Nessa hora ficava claro quem mandava. Tornava-se evidente quem ditava o ritmo da caminhada. Por mais que a canina tivesse espasmo de valentia, e quisesse assumir as rédeas da situação, era vencida pelo apertar do pescoço.



          De repente vi um vira-lata passando todo serelepe. O pelo crescido, como proteção natural ao frio sulino, não tinha um suéter por cima, como a cadelinha do parágrafo acima. Ao passar pela semelhante, ele deu uma espiadela de lado e seguiu rumo à felicidade que parecia estar perto, embora eu nem imagine onde. O certo é que a esbelta latidora parece que e encheu de desejo de segui-lo. Deu uma arrancada rumo ao pulguento. Uma forte pressão na jugular deteve seu ímpeto. Foi-se o vagabundo, quedou-se a nobre. O agasalho verde e amarelo da coitada pareceu diminuir.

          Lembrei automaticamente da seleção brasileira. Cheia de pompa. Toda empolada. Toda mecanizada. Amarrada por rígidos pulsos de um comandante conservador. Sem brilho, apesar da casca envernizada. Tentou ser feliz, era tarde. As amarras tiraram-lhe a avidez por vitória. A Holanda não tomou conhecimento. Até parou para olhar o Brasil, quando levou o primeiro gol, mas seguiu seu destino. Nem sei até onde ela vai, mas o certo é que ficamos pelo caminho.

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