Antes de qualquer coisa, não deixei de ir à praia por causa do jogo da Seleção Brasileira. Apesar do raríssimo sol da ilha de Santa Catarina em dias de domingo, fiquei dentro de casa. Acordei tarde, foi isso. Quando dei por mim, estava sentado no sofá com um livro na mão e ouvindo a voz horrorosa de um guri da Rede Globo anunciando o jogo de futebol. Fiquei entre o Padre Perereca e Mano Menezes. O referido padre é personagem do livro 1808; Mano, você deve saber, é o funcionário de Ricardo Teixeira responsável por convocar e escalar atletas que vestem a camisa do time da CBF.
Vamos à partida. Sensacional. É bem verdade que o gramado muito plano e sem buracos atrapalhou o espetáculo. Campo irregular, todo boleiro sabe disso, dá uma sensação de perigo constante aos goleiros. Diverte a torcida quando os pernas de pau atrapalham-se com a bola. Se eu fosse presidente da FIFA, ordenaria que fossem feitos 75 buracos em cada campo de futebol. Aí, sim, teríamos certeza de partidas emocionantes. Os escoceses, adversários, demonstravam clara falta de intimidade com a gordinha. Tivessem eles um Gilead no meio de campo, o jogo seria outro. Óbvio, meu chapa. Minha sogra, que entende tudo de futebol e deveria fazer parte da comissão técnica Canarinho, indicou o caminho das pedras: “Tem que chutar pro gol”. E a torcida, hem?, que festa. Lá para tantas, tirei os olhos do livro de vi na tela uma cena, no mínimo, bizarra. Um camarada com a camisa levantada, sem sutiã e com o peito cabeludo, homenageava um brasileiro: Galvão. Fim do primeiro tempo: Neimar, um, falta de habilidade, zero.
Ah, vi os pedaços de jogo pelo Sportv. No intervalo, zapeei entre canais e notei Galvão Bueno entrevistando um torcedor escocês. O narrador fez uma pergunta idiota em inglês e comentou, jocosamente, o uso da tradicional saia que o camarada estava vestindo. Em determinado momento, um nobre europeu jogou uma banana no campo. O racismo e o preconceito dos brancos do velho continente não foram totalmente superados. Pior para a Escócia. Neimar dois a zero. Mano fez algumas substituições e tirou, entre eles, Leandro Damião. Esse cara, pode anotar, paisano, será o nove da CBF por, pelo menos, uma década. No lugar dele, entrou Jonas, que recebeu uma bola com açúcar de Lucas. Isolou. Meu sogro foi enfático: “Esse, até eu faria.” Louve-se, ressalto, o entusiasmo de Luiz Carlos, narrador do 502. O cidadão fez de tudo para me convencer que a Escócia é um time de futebol. Continua achando que tudo não passou de uma farsa.
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