Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

terça-feira, 29 de março de 2011

Figueirense conta com Jesus Cristo

     Jesus Cristo é do Figueirense. E joga no time de Florianópolis. E é o camisa 10 da equipe. No Estreito, bairro onde se localiza o estádio da agremiação, ele é conhecido como Fernandes. Juro que eu não sabia disso; caso soubesse, já teria avisado aos fieis. Imagine só a romaria na direção da capital catarinense, meu amigo. E uma multidão de devotos, você sabe mais do que eu, costuma deixar quantias vultosas de dinheiro nos centros de peregrinação. Nesse caso, fosse eu o revelador da presença do Nazareno em um campo de futebol, meu bolso ficaria abarrotado só da comissão que o prefeito me daria. Óbvio.

     Imagine, paisano: a arena estaria sempre lotada. Uns gritariam: “Chuta essa bola para o gol, Fernandes”; outros, menos futebolísticos e mais espiritualizados, salmodiariam: “Fernandes, cadê você, eu vim aqui só pra te ver”. E a renda, hem! Do lado de fora os camelôs estariam se refestelando: “Olha a camisa do Fernandes, abençoada com o suor do craque, é só dez real”. O Rio de Janeiro e seu Cristo Redentor seria uma piada, Fátima e Lurdes sumiriam do mapa, a febre religiosa seria o Orlando Scarpelli com Fernandes desfilando de chuteiras no gramado e sendo incensado por entusiasmados torcedores. E se a diretoria soubesse tirar proveito da situação em benefício do clube, dentro de um ano teríamos, sem nenhuma dúvida, os galácticos do Figueirense vencendo o Campeonato Brasileiro a Libertadores e o Mundial de Clubes da FIFA. Mas essa coisa de diretoria... Acho melhor nem pensar no que eles fariam com tanta grana.

     Isso, meu caro, se fosse eu quem tivesse descoberto a identidade secreta do meio campista do Figueirense. Mas não fui eu. Quem o fez foi um comentarista da rádio CBN. Estava eu vindo do norte da ilha para o Centro, quando resolvi ligar o rádio. O Figueirense estava jogando com a Chapecoense, a partida começara às 18h30 e terminara há poucos minutos. Foi aí que o profissional da bola se superou: “Ele sabe onde está, ele sabe o que fazer, ele é o máximo, só ele para fazer esse gol, ele é isso, ele é aquilo, ele pode, ele não pode, ele manda prender, ele manda soltar, ele faz e acontece, ele fez o gol da vitória do Figueirense”. Devo esclarecer que as palavras ditas não foram bem essas, acho que foram mais fortes. O fato é que, ouvindo-as, não hesitei: “Foi Jesus Cristo quem fez o gol”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário