Dê-me um sol, pelo amor de Deus. Pode ser um fraquinho, como é o atual time do Vasco da Gama, do Figueirense e de uns tantos outros. Pode ser morno, como funcionário público desmotivado que mal abre a boca quando atende o cliente. Pode até durar pouco mais de uma hora, como o verão londrino. Importa-me apenas que seja um sol. E que sendo sol, por mais safado que seja, espante o dilúvio que se abate sobre as cidades de Santa Catarina. E que sendo sol, por mais cruel que seja, sensibilize-se com o sofrimento dos catarinenses e enxote as águas destruidoras que insistem em cair diuturnamente neste torrão.
Dê-me um sol, pelo amor de Deus. Pode ser um magrinho, como o salário mínimo que mesmo raquítico insiste em durar mais de uma semana. Pode ser chato, como a torcida do Flamengo que agora quer botar Ronaldinho Gaúcho na Seleção. Pode ser imbecil, como o motorista que trafega pelo acostamento para não ficar na fila. Pode até ser sacana, como o político que investe milhões numa campanha que lhe trará vastos dividendos. Basta-me que seja um sol. E que sendo sol, ainda que mirrado, use seu “abracadabra” e faça os morros secarem. E que sendo sol, por mais chato que seja, apiede-se do Estado que recebeu imigrantes europeus sem perspectivas no século passado. E que sendo sol, ainda que estúpido, lembre-se que este pedaço de terra entre o Paraná e o Rio Grande do Sul já não suporta mais tanto aguaceiro.
Dê-me um sol, pelo amor de Deus. Que seja sol. Pouco ou muito, quente ou morno. Dê-me um sol. Fraco ou forte, abrasivo ou ameno. Dê-me um sol e estaremos conversados. Janeiro foi pura água. Fevereiro foi uma chuvarada só. Março já ta pela metade e a chuva não esmorece. Dê-me esse danado desse sol, homem.
Enquanto vocês precisam de um solzinho, nós aqui no Nordeste precisamos de uma chuvazinha ou ao menos de algumas nuvens que cubram esse sol escaldante.
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